Como se o corpo não fosse uma fronteira, como se a história não fosse cheia de ausências, com a certeza de que a imaginação é absolutamente essencial. A revolução pode, de facto, residir na capacidade de imaginar. Antes, durante e depois da ação.
Onyx é um ritual onírico de vácuo e presença, a pausa antes do caos e o próprio caos, na anulação das fronteiras entre a intervenção política e social e a criação de um espaço onírico, carregado de silêncio, ruído, informação não linear, peso e flutuação de tempo. Há um caos calmo e meteórico, uma partilha de arquivos pessoais e fantasias onde a pele é concebida não como fronteira mas como veículo. Trazemos as vozes das mães para dentro da narrativa, trazemos a rua, a poesia das punchlines, conversamos entre mundos, divindades e ilusões, sobre memórias futuras de tempos passados que ainda estão por viver. Os monstros que só existem na nossa cabeça vêm nos dizer que a única certeza é a incerteza absoluta. A prática destes corpos é tão encantadora quanto brutal. Existe a ancestralidade de um futuro potencial. É poético. E tem prazer. Tem confronto, conforto, não sei.