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Poderá o teatro ser, realmente, uma espécie de arqueologia experimental? Em As Mulheres que Celebram as Tesmofórias, Odete revisita um dos textos menos conhecidos de Aristófanes, Thesmophoriazusae. Escrito em 411 A.C., o original apresenta diversas mulheres atenienses reunidas no templo de Deméter e Perséfone para celebrar o festival das Tesmofórias, ocasião em que a presença masculina é proibida. Nesse espaço sagrado elas planeiam vingar-se de Eurípides pela forma como são retratadas nas suas tragédias.

Na proposta de Odete, o elenco trabalha o texto como se tratasse de uma experiência arqueológica. Este é escavado e retirado da terra de Deméter para ser polido pela língua encharcada do presente. Analisam-se termos, experimentam-se instrumentos, roupa e ditados atenienses.

Esta peça terá a sua estreia absoluta na Plataforma Portuguesa de Artes Performativas. Mais informações em breve.

Ficha Artística / Técnica

Criação
Odete

A partir de
Aristófanes

No âmbito do projeto
STAGES

Interpretação
Ângelo Custódio, Cru Encarnação, Odete, Puta da Silva, Tita Maravilha

Apoio à pesquisa
Gisela Casimiro, João Paulo André, Pedro Augusto, Puta da Silva

Produção
Parasita

Coprodução
Teatro Nacional D. Maria II

Odete

Odete trabalha entre a performance, o texto, as artes visuais e a música. O seu trabalho é obcecado com a escrita historiográfica, usando o erótico e a paranóia como duas formas somáticas de se relacionar com os materiais de arquivo. Escreve através do seu corpo, especulando biografias de personagens históricas através de prazeres epidérmicos: moda, personalidade, presença, fragrância, graça, sensibilidade. Ela afirma ser filha bastarda de Lúcifer, descendente da prática medieval de pactos satânicos para alterar a genderização do corpo. Ultimamente, tem estado a investigar e a trabalhar na criação de pontos de ligação entre as histórias "efeminadas", desde os Castrati barrocos até aos dândis do século XIX.