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A Pedra, a Mágoa parte da observação de pedreiras abandonadas em território nacional, analisando a aceleração de decomposição dos espaços em imagens e comparando-as à ideia social do conceito Família. Posicionando-se na fronteira entre o público e o privado, o coreógrafo procura uma velocidade que conduza o espectador a um espaço mitológico de acolhimento e disrupção, dando lugar a uma paisagem-espelho que se move entre a ternura bucólica e a sensualidade do profano.

 

um Fauno para os meus pais

"Observei o meu país de cima. Lá, os meus pais multiplicavam-se entre cidades e vilas, construindo famílias que não eram minhas. Famílias grandes e famílias pequenas, famílias solteiras ou em grupo, com e sem casas. Mesas cheias e bolsos completamente vazios, famílias com bocas calmas e imagens que são apenas familiares no exterior. Olhando para baixo, vi também feridas abertas na terra, escavações sem fim, umas cuidadas e outras abandonadas, umas cheias de água e outras com gargantas escassas, inspeccionadas por animais de ferro a que decidimos chamar de gruas para que o trabalho pesado não fosse confundido com a exploração animal (o meu pai e a minha mãe sempre foram animais de trabalho). As famílias das pessoas e as famílias dos buracos tornaram-se demasiadas para manter a visão clara, perdi os meus pais e as suas novas famílias (que talvez sejam minhas ou então esses pais nunca me tenham pertencido). Percebo que talvez eu não esteja em lado nenhum, que tudo é um enorme buraco de pedra caída. Não há mais país, nem pais, nem família tudo é tudo e tudo traz o princípio do nada: recomeçar uma escavação a partir de dentro."



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› Acesso exclusivo a profissionais das artes performativas inscritos na PT.25.

Duração: 60 minutos
Classificação Etária: 16 anos

Teaser
© João Catarino
© João Catarino
© João Catarino
© João Catarino
© João Catarino
© João Catarino
© João Catarino

Ficha Artística / Técnica

Direção Artística, Criação e Concepção Plástica
Daniel Matos

Performers e Co-criação
Lia Vohlgemuth, Elia Pangaro e Joana Simões

Colaboração Artística, Arquivo, Fotografia e Vídeo
João Catarino

Banda Sonora Original (a partir de Debussy)
João Galante aka Coolgate

Consultoria Artística
Beatriz Marques Dias

Direção Técnica
Ana Carocinho

Desenho de Luz
Manuel Abrantes

Cenografia
Daniel Matos, Joana Flor Duarte, Ana Carocinho, João Catarino e Manuel Abrantes

Figurinos
Marina Tabuado

Comunicação
Maria Tsukamoto

Direção de Produção
Joana Flor Duarte

Produção
CAMA a.c

Distribuição Internacional
Vicenç Mayans / Palosanto Projects

Coprodução
Teatro das Figuras, Cine-Teatro Louletano, Casa Varela/Cine-Teatro de Pombal Município de Pombal, Município de Lagos

Residências de Coprodução
O Espaço do Tempo, Teatro Municipal Baltazar Dias / Estúdio de Criação Artística do Funchal

Apoios
Estúdios Vítor Córdon / OPART, Espaço Alkantara, Casa da Dança de Almada, CAMADA - Centro Coreográfico, O Rumo do Fumo, A Piscina e Estúdio CAB

Créditos Fotográficos e Vídeo
João Catarino

Daniel Matos

Coreógrafo, performer e artista plástico. Inicia os estudos em artes visuais e licencia-se em Dança pela ESD IPL. O seu trabalho desenvolve-se através de práticas multidisciplinares, explorando o corpo como campo biográfico e assumindo o presente como um espaço político de transgressão, ritual e afeto. Desde 2014, é colaborador artístico, performer e assistente de ensaios do duo Ana Borralho Borralho & João Galante, participando nas criações ATLAS, SEXYMF, LOUISE MICHEL, TEMPO P/ REFLETIR e O CENTRO DO MUNDO. Enquanto intérprete, colabora com Angélica Liddell, Romeo Castellucci, Barbara Griggi, Luís Marrafa, André Uerba, Amélia Bentes e Davis Freeman. Foi convidado a partilhar os seus processos criativos no Conservatori Superior de Dansa de València e na PISCINA.

Desde 2017, apresenta o seu trabalho em países como França, Brasil, Indonésia, Áustria, Noruega, Índia, Macau, Singapura, Austrália e Itália. Destacam-se VÄRA (2022), nomeado para Melhor Coreografia pela SPA em 2023, e A PEDRA, A MÁGOA (2024). Recebeu o Prémio ETIC para Melhor Filme de Dança Nacional com QUASE DESABITADA (2022).

Com Joana Duarte, fundou em 2017 a CAMA – Associação Cultural, onde é artista residente e diretor artístico. Assume a co-direção e programação do PEDRA DURA – Festival de Dança do Algarve, sendo também co-curador do Festival Internacional Verão Azul. Em 2023, cria o CenDDA - Centro de Documentação de Dança do Algarve. Em 2025, co-cria DURAREI POR PAZ E NUNCA POR MAL, um solo para Mélanie Ferreira. Atualmente, integra, a convite de Sofia Dias & Vítor Roriz, o Lab Cumplicidades, desenvolvendo um trabalho de investigação e criação artística em parceria com o MAAT e a Fundação Champalimaud, com estreia em maio de 2025.