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| Cláudia Dias |
| Vontade de ter vontade |
PERFORMANCE |
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| Entendo o meu trabalho de criação como um percurso que se vai edificando no sentido de um dia vir a conceber a peça - aquela depois da qual não fará sentido criar outra. Assim, vou estabelecendo relações e up-grades entre as diferentes criações, como se em cada uma descobrisse algo mais a acrescentar a um manual de instruções operático. Quase um método. Vontade de Ter Vontade insere-se neste pensamento. É, deste ponto de vista, uma peça de continuidade de um percurso que iniciei com o solo One Woman Show e dei seguimento com Visita Guiada e Das Coisas Nascem Coisas. Mas se no fim de cada criação constato que me dediquei a questões específicas do fazer artístico, em todas o início é sempre o mesmo – não saber senão a imagem detonadora. Esta peça nasce do sentimento de confrontação geracional que sinto com muitos dos meus alunos. Confronto esse que fez-me reflectir sobre a minha geração e sobre a forma como me relaciono com a antecedente e precedente. Este movimento de ir para a frente, supostamente para o futuro e para trás, para o passado, situou-me no presente. Num aqui e agora. E assim nasce a imagem galvanizadora desta nova criação, a de transformar o palco num território – Portugal. Vontade de Ter Vontade é um percurso onde as dimensões individual, colectiva, pessoal e histórica cohabitam o mesmo espaço. Diria ainda que este percurso traça um olhar sobre o momento actual que vivemos na Europa (e no Mundo), pondo em evidência as relações entre o Norte e o Sul, entre o colonizador e o colonizado, entre o central e o periférico. É também um manifesto contra a inevitabilidade. |
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