Tomando como ponto de partida uma ligação entre Lisboa e Berlim, Inverted Landscapes examina a história de duas figuras das artes performativas portuguesas que trocaram de geografia em busca de um objetivo artístico comum: Ruth Aswin, alemã, que vem dançar para Portugal nos anos 30 do século XX, e Valentim de Barros, que tinha sido seu aluno e foge para Berlim em busca de trabalho e liberdade.
Inverted Landscapes é uma homenagem à ligação de desenraizamento que era comum aos dois artistas da historiografia destes dois países, bem como à perceção atenta de duas formas de viver que tiveram sempre mais história do que geografia.
Os procedimentos de sobrevivência, os seus interesses artísticos inviabilizados por uma história preponderante, são o mote para uma experiência háptica onde serão desencadeadas e ativadas ações que, na sua capacidade de engajamento comunal, oferecem expressões de identidades sem propósitos formatados. Inscrevendo-se nas histórias elididas destes criadores, dando-lhes luz e revalorizando as suas ações ainda que imaginadas, especula-se sobre como a história das artes performativas poderia ter tido um curso diferente da situação atual. Com a performance enquanto suporte relacional, a representatividade torna-se constitutiva do trabalho ao revelar-se cuidadosa com todas as matérias e materiais do mundo. Nesta partilha do somatizado, onde mecanismos sensoriais como o afeto e a sensação são motor de produção, o pano de fundo cai, e revela-se um florescer circunstancial no presente.
A paisagem inverte-se.