#Electra vai ao #Techno, de Xana Novais, tem como proposta um corpo a levar choques elétricos produzidos pela vibração de uma bateria desmembrada. A sua pele dança não por vontade própria, mas porque o som a faz mover. O corpo move-se pelos estímulos, assume-se disponível para os movimentos de resposta ao que o rodeiam e às palavras invocadas por Electra.
Que danças surgem na busca involuntária de um corpo que volta a mover-se depois da paragem total no mundo durante uma situação pandémica? Que gestos surgem na busca voluntária da revisitação de um clássico?
É uma manifestação feita por uma pessoa só, onde o corpo é sacrificado entrando em estado de transe em prol da sua ânsia de renascer a partir de situações dolorosas, de músculos em tensão e, finalmente, em prol da sua arte.
#Electra vai ao #Techno mostra que o corpo de uma bailarina tem memória ⎯ mas também esquece que um corpo se cansa da falta de estímulos sociais e, principalmente, que pode morrer se não tiver disciplina e controlo sobre si próprio.
Electra é ou não considerado um complexo. Electra está ou não apaixonada pelo pai. Electra odeia ou não o seu irmão. Electra é pouco feita no teatro contemporâneo, talvez porque é uma mulher triste, uma mulher que de eletricidade tem pouco. Electra chora de mais, é dramática de mais, transformando lágrimas em rios. Electra vai ao Techno e descobre algo que ainda não sabe o que é. Electra é imprevisível como a vibração, como a energia, como o techno. Tal como um clássico pode ser rescrito de tal forma que Electra pode ser feliz, histérica e futurista. É complexo ser Electra em 2025.