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| teatro praga |
| Israel |
TEATRO |
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O amor pode ser um trabalho duro. Especialmente o amor que sentimos por um país. Pedro Penim está sentado em frente ao seu computador, o seu rosto aparece projetado numa tela. É difícil de dizer para quem e por quem ele fala: com o público, com ele mesmo, com o objeto de seu amor? Israel, aqui uma nação em forma de ficção, toma um rosto humano, como uma pessoa com quem é preciso viver. Penim identifica os contornos das imagens que temos do objeto amado -‐ não sem muitas vezes invocar a sua visão particular, portuguesa, sobre um tema que diz respeito a todos.
Pedro Penim não é judeu, a questão da identidade judaica nunca tinha tido nenhuma importância especial para ele até agora. Nem foram interesses religiosos, económicos ou políticos que o levaram a identificar-‐se com Israel. No entanto o seu confronto com este país e a sua história é profundamente pessoal.
Israel é uma história de amor com uma terra que representa tudo: terror e asilo, caos e Jardim do Éden, o passado e a identidade. Um jogo fascinante à volta das noções de nação, ficção e intimidade: uma escavação arqueológica na história e nas emoções, uma declaração que se transforma num debate sobre o objeto desse amor.
Este não é contudo um espectáculo documental, nem prop~ee uma aproximação pedagógica ao tema – a interpretação de Pedro Penim leva o espectador por um terreno movediçoo, onde as certezas, as representações e as opiniões são postas em causa a cada segundo. Voltaire disse que é preciso escolher entre países onde se sua e países onde se pensa. Em Israel (o país e o espectáculo) faz-‐se as duas coisas ao mesmo tempo. Sem um minuto de tédio. E se este espetáculo funcionar como é suposto, cada história individual será lida como a história de Israel, e a história de Israel será lida como a história de uma só pessoa.
Membro do Teatro Praga, Pedro Penim evoca uma forma teatral que articula texto e vídeo, performance e instalaçãoo, filosofia e política, humor e dor, paradigmas do trabalho da companhia. Uma linguagem inovadora, sempre consciente da fronteira entre realidade e ficção. Um texto ofegante, uma linha de pensamento clara: Israel convida a lançarmo-‐nos a este trabalho amoroso.
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